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Sunday, January 27, 2013

Um inimigo do barulho


Noite de sábado e felizmente tudo tranquilo. Nosso vizinho do barulho não estava. Fui dormir por volta das dez e peguei no sono facilmente, mas nos fins de semana o sono nunca é tranquilo. Têm sempre ruídos, cachorros de rua e os meus que estão presos, trocando latidos intermináveis durante a noite. Outros sons vindo de distâncias diferentes, música por todos os lados e de todos os estilos - geralmente dos piores. Sem contar aqueles carros que passam eventualmente, com o som a todo o volume tocando funk ( na noite de sexta passou um fazendo tremer as janelas e com a vibração conseguiu fazer disparar o alarme de um outro carro estacionado na rua. Daí, até o proprietário levantar e desligar o alarme o sono já se foi ).

É um desrespeito total pelo próximo e seu espaço, já que o som não se detém ou recua ao encontrar com o muro ou com as paredes da casa, ele se infiltra pervasivo pelas janelas, portas, fazendo-as vibrar, entra em sua casa, incomoda e interrompe o seu lazer e descanso. Para poder ignorar o barulho lá fora, você faz mais barulho dentro de casa, aumenta o volume da TV, deixa algum tipo de som constantemente ligado.  Ou, se você puder, paga uma fortuna e instala janelas anti-ruído.

Comum ver hoje em dia - dependendo do bairro onde se mora - carros com seus porta-mala escancarados e aquela boca gargantua repleta de caixas de som vibrando ao último volume. A meu ver, uma epidemia para a qual as autoridades ainda se aperceberam ou mais provavelmente, não se viram afetadas ainda. Mas algo que precisa ser encarado como um problema que cresce e se alastra pelas grandes cidades - imagino que pelas pequenas também -  afetando a qualidade de vida de milhares de pessoas.

Certa vez, após reclamar do barulho dos vizinhos com os próprios vizinhos, usando de toda a educação que me foi concebida, ao fechar o portão ouvi o seguinte comentário indignado vindo lá da rua: " Mas amanhã é domingo..." - O que significa que, na visão destas pessoas, já que amanhã é domingo você pode passar a noite de sábado acordado ouvindo o que eles querem ouvir e se recuperar no outro dia. Corrijo: você nem passa pela cabeça deles. O sujeito que passa de madrugada com o som a todo volume também não tem discernimento suficiente para perceber que você existe, que atrás das paredes têm crianças dormindo, idosos, pessoas.

Falta civismo, consideração, respeito. Coisas que não deveríamos esperar a escola ensinar - não deve nem fazer parte do currículo. Isto são coisas que se aprende em casa. Mas em muitos casos isto não está acontecendo. Então faltam leis. Falta regra, disciplina, fiscalização e punição. Já que esta parece ser a única forma com que certas pessoas aprendem.

E esta cultura do barulho se perpetua através da criança que cresce ao redor de adultos que ouvem música a todo o volume, ela nunca se contentará com o som num volume médio, normal. Pense no dano que isto deve estar causando ao seu sistema auditivo, e que quando crescer, além de ter que ouvir tudo ao último volume, só se comunicará gritando. Sem mencionar que ela será o pesadelo de algum vizinho no futuro.

O sol já está raiando e eu desembarco de minha noite mal-dormida ainda ouvindo música na distância. Penso nos coitados que estão próximo àquela fonte de barulho, esperando ainda para dormir.

Mas tudo bem, hoje é domingo.






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