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Sunday, January 27, 2013

Os Vidiotas



No consultório do dentista esperando pela minha vez.  Levei um livro comigo, vai que as revistas ali fossem Contigo de cinco anos atrás. Estou lendo Uma breve história de quase tudo. O livro é interessantíssimo e eu até “curto” estes momentos de espera, pois são quando posso ler despreocupadamente sem sentir que, Putz, deveria estar fazendo outra coisa!

Porém, por mais que eu me esforce para entrar no livro uma voz se arrasta na TV e outra mais irritante a segue sempre fazendo comentários que, aparentemente, deveriam ser engraçados e inteligentes.  Estou tentando ignorar a receita que a Ana Maria Braga está tentando passar para mim e que seu companheiro verdemente emplumado diz ser deliciosa. Espere aí, isto é um programa para adultos?

Felizmente o consultório está tranquilo e assim que a pessoa a minha frente é chamada para ser atendida, eu vou à recepção e peço educadamente se a moça se importaria em desligar o aparelho.  Ela me olha como seu eu tivesse pedido para ela tirar a blusa, pensando meio que  "Cada tipo que me aparece!". Mas tira o controle de uma gaveta e lá se vai A.M.B. e seu periquito.

Ah, como o silêncio é bom! Mas parece que está cada vez mais sendo menos apreciado.  Em qualquer lugar que você vá hoje em dia, restaurante, lanchonete, consultório, hospital, recepção, rodoviária,  tem que ter lá uma telinha fazendo um barulho de fundo. É como se fosse proibido deixar as pessoas sozinhas com os seus pensamentos. 
Desde quando passamos a ter esta necessidade de estar sempre sendo bombardeados por imagens e sons em nosso tempo livre, em nossos momentos de espera? ( expandir aqui )

Quando eu quero ver TV eu a ligo, mas constantemente tem alguém oferecendo um programa para mim que eu não quero assistir.  O que aconteceria se num consultório de dentista, com várias pessoas esperando, eles não tivessem uma TV ligada? Será que as pessoas conversariam umas com as outras (ao perceberem que as revistas ali são Contigo de cinco anos atrás)? 
Na verdade eu parei de assistir televisão. Não sei se faço parte de uma minoria ou se existem muitos outros que como eu que não aguentam mais as baboseiras que nos são oferecidas. Não que eu seja radical; uma vez ou outra ligo e dou uma “surfadinha” pelos canais, mas o resultado é sempre o mesmo, decepção.  
Fora alguns filmes eu quase não consigo assistir mais nada. A informação que eu necessito eu pego na internet, para entretenimento eu não abro mão de meus livros.  Produtos? Eu prefiro comprar os que eu preciso e sou totalmente anti-propaganda.
Tudo bem, um joguinho de futebol eu até assisto, embora a quantidade de propaganda forçada goela abaixo do expectador seja indigesta e excessiva, nos deixando as vezes mais verde do que o gramado.

A televisão já foi uma parte importante de minha vida. Lembro de quando meus pais compraram o nosso primeiro aparelho, ainda em preto e branco, a imagem com uma qualidade bem distante da que se vê hoje em dia. Mas para mim e meu irmão aquele aparelho imediatamente se tornou um objeto de adoração ao qual dedicávamos horas a fio prostrados diante em pia contemplação.  Sou ainda do tempo de O gordo e o Magro ( outros...) Programas que naquela época me pareciam cheio de originalidade e que me transportavam a mundos diferentes. Aí surge a dúvida:  será que os programas ficaram piores ou fui eu que cresci e não acho mais graça em nada?  Talvez seja um pouco dos dois.
Indiscutível dizer que um pouco – ou muito – da inocência dos programas do passado se foi e hoje está tudo muito mais apelativo, pastores pedindo dinheiro em quase todos os canais, as novelas parando muito próximas da pornografia, os reality-shows coreografados para causar escândalos, tele-jornais sensacionalistas e as produções sem sabem mais o que fazer para manter e aumentar a audiência. 
A verdade é que a minha eles já perderam.  Independentemente da qualidade dos programas, o que eu não quero é ser forçado nos restaurantes e consultórios da vida a assistir programas, novelas, noticiários que eu não escolhi assistir. O que eu não quero é ser submetido a esta lavagem cerebral constante.
Repeite o silêncio, pois é nele em que nossa mente trabalha melhor e por outro lado onde também consegue descansar.




1 comment:

Ju said...

E não é que eu tinha dentista hoje novamente! A recepcionista mandou subir para o segundo andar. Outra recepção, outra TV ligada com um filminho dublado de sessão da tarde. Dois pacientes esperando, um lendo jornal o outro clicando a vida fora em um celular. Não tive dúvida e com firmeza e autoridade fui direto à TV e do ladinho achei aqueles botõezinhos minúsculos e diminuí o volume. Sentei, achei uma Época do ano passado e esperei. Fiquei mais feliz ainda por ter abaixado o som, já que o dentista me fez esperar uma hora e quinze minutos. Uma hora e quinze minutos com um filminho dublado seria hora demais.